Diabetes: mortalidade entre pessoas negras foi 7,2% maior do que entre brancas nos últimos 11 anos
Foto: Jorge Maruta/USP Imagens
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No Brasil, as taxas de mortalidade da população negra por diabetes são sistematicamente mais altas do que as da população branca. Entre 2012 e 2023, a taxa de mortalidade ajustada para a população negra foi 7,2% maior do que a da população branca, com pico de 18,3% em 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19. Os dados são do Boletim Çarê-IEPS n.6 – Internações e mortalidade por diabetes (2012-2023) elaborado pela Cátedra Çarê-IEPS, uma parceria entre o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) e o Instituto Çarê. 

A diferença entre negros e brancos cresceu nos últimos anos. Em 2012, a taxa ajustada de mortalidade para a população branca era de 24,87 óbitos por 100 mil habitantes, enquanto para a população negra este número chegava a 27,04 óbitos. Em 2023, a taxa para a população branca foi de 21,47 óbitos por mil habitantes, enquanto a da população negra marcava 22,93 óbitos. 

Diabetes: mortalidade entre pessoas negras foi 7,2% maior do que entre brancas nos últimos 11 anos

Taxa ajustada de mortalidade por diabetes por 100 mil habitantes (2012-2023). Fonte: Elaboração própria com base em dados do SIM.

Lucas Falcão, pesquisador do IEPS e um dos autores do estudo, destaca que os dados revelam as  barreiras estruturais no acesso, na qualidade e na prevenção da diabetes para a população negra. “A discrepância nas taxas de mortalidade e hospitalizações dão mais corpo ao problema, e reforçam a necessidade de políticas públicas que incorporem a raça nas etapas de prevenção, diagnóstico e tratamento da doença”, afirma. 

Mortalidade por diabetes afeta mais idosos negros  

O boletim também mostra que há um recorte etário na mortalidade por diabetes, demonstrada pelo aumento de mortes de pessoas negras a partir dos 30 anos. 

A diferença mais acentuada ocorre entre  75 e 79 anos, onde a taxa de mortalidade para negros é 15,05 pontos maior em relação aos brancos, seguida da faixa etária de 60 a 64 anos com 11 pontos de diferença. O recorte revela que pessoas negras morrem mais justamente nas idades em que a taxa da mortalidade por diabetes é maior, com exceção da faixa de 80 anos ou mais.

Pico de hospitalizações aconteceu em 2023 

Em 2023, a taxa de hospitalização por diabetes entre pessoas negras foi 37% maior do que entre as brancas, marcando 130,7 e 95,5 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente. Segundo o estudo, este foi o ano em que o preenchimento do campo raça/cor nos sistemas de informação do SUS, obrigatório a partir de 2017, atingiu níveis aceitáveis, possibilitando uma comparação mais precisa da discrepância entre os grupos. 

Diabetes: mortalidade entre pessoas negras foi 7,2% maior do que entre brancas nos últimos 11 anos

Taxa de hospitalizações ajustada por 100 mil habitantes (2012-2023). Fonte: Elaboração própria com base em dados do SIH.

O estudo destaca, no entanto, que são necessárias mais pesquisas que investiguem a maior taxa de hospitalização de pessoas negras em relação às brancas no serviço público de saúde, uma vez que a maior utilização do sistema por esse grupo e a eficácia da atenção primária à saúde são possíveis explicações para o controle da doença.  

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